terça-feira, 27 de abril de 2010

Resumo da Obra


De uma forma resumida, o enredo é o seguinte: D. João de Portugal, um nobre muito respeitado na sociedade, desapareceu, em 1578, na batalha de Alcácer Quibir, por sinal a mesma na qual o rei D. Sebastião perdeu a vida. Contudo, a morte de D. João de Portugal nunca foi provada, passando-se exactamente o mesmo com D. Sebastião.

Entretanto, a mulher de D. João de Portugal, D. Madalena, esperou sete anos pelo marido, uma espera que se revelou infrutífera. Pese ter casado com D. João de Portugal, a meio da peça o leitor dá-se conta do facto de ela nunca o ter amado verdadeiramente. Pelo contrário, o homem que amava era Manuel de Sousa Coutinho, um português fiel aos valores patrióticos e inconformado com o domínio espanhol, que se vivia na altura em Portugal (1599).

Tomando uma atitude corajosa, Manuel e Madalena vão desafiar a sorte (hybris), casando sem ter a certeza da morte de D. João de Portugal. E aí começa a verdadeira dimensão trágica desta peça magistralmente gizada por Garrett: realmente, tudo apontava para uma alta improbabilidade da hipótese de D. João de Portugal ainda estar vivo e mesmo a sociedade via com bons olhos o casamento entre Manuel e Madalena. O casal teve uma filha, D. Maria de Noronha, uma jovem muito especial, culta, adulta, mas simultaneamente criança e fisicamente débil. Ora, aqui surge o grande drama da acção: caso D. João de Portugal, por uma possibilidade trágica, ainda estivesse vivo, Maria era uma filha ilegítima, o que, para a sociedade da época, era um pecado muito grave.

Temendo a catástrofe, D. Madalena tem constantemente premonições trágicas, as quais vão ser concretizadas com a chegada de um Romeiro, que diz vir da Terra Santa e querer falar com Madalena. Ao revelar a sua identidade, uma série de consequências irão advir. Mostrando uma dignidade tocante, Manuel de Sousa Coutinho rende-se ao destino cruel e vai professar, juntamente com Madalena. Maria, a filha, revoltar-se-á contra uma sociedade retrógrada que, por uma questão meramente formal, passou subitamente de aprovadora para acusadora: «Vós quem sois, espectros fatais?... Quereis-mos tirar dos meus braços?... Esta é a minha mãe, este é o meu pai... Que me importa a mim com o outro, que morresse ou não, que esteja com os mortos ou com os vivos...» De nada lhe valeu a revolta, antes pelo contrário. O seu rótulo de ilegítima custar-lhe-á a morte por vergonha.

Contexto Histórico


Em 1578, o rei D. Sebastião desapareceu na batalha de Alcaçer-Quibir. Não tendo deixado herdeiros, houve uma longa disputa pela sucessão.
Entre os pretendentes estava Filipe, rei de Espanha , que anexou Portugal ao seu império em 1580. O dominio Espanhol duraria 60 anos (1580-1640).
Criou-se nesse periodo o mito popular do "Sebastianismo", segundo o qual D.Sebastião, retornaria para reerguer o império Português.
Entre os nobres desaparecidos em Alcaçer-Quibir estava Djoão de Portugal, marido de Dona Madalena de Vilhena.

Análise das Personagens


D. Madalena de Vilhena:

• Nobre e culta;
• Sentimental, apaixonada e romântica;
• Sensível e frágil;
• Supersticiosa e pessimista;
• Cautelosa e insegura, pois vivia em pânico constante;
• Complexo de culpa, pois casou com D. João e gostava de D. Manuel I;
• Remorsos da sua vida passada;
• Ligada aos amores infelizes de Inês de Castro.


Telmo Pais:

• Personagem sebastianista por excelência;
• Aio de D. João Portugal, cultiva em quase toda a peça a esperança de que o seu amo regresse;
• Tinha um carinho enorme por Maria;
• Era contra o segundo casamento de Madalena;
• Atencioso, prestativo e conselheiro;
• Personagem secundária.


D. Maria de Noronha:

• Terna;
• Adorava D. Sebastião;
• Pura;
• Ingénua;
• Sofre de tuberculose;
• Possuía olhos e ouvidos tísia;
• Curiosa e supersticiosa;
• Personagem principal.


D. Manuel de Sousa Coutinho:

• Homem culto;
• Homem de muitas pátrias;
• Espirituoso;
• Cavaleiro;
• Racional;
• Bom marido e pai terno;
• Corajoso;
• Audaz;
• Nacionalista;
• Tem como valores a família, a pátria e a honra;
• É fidalgo e bom português;
• Marcado pelo destino.


D. João de Portugal:

• Nobre (família dos Vimiosos);
• Cavaleiro;
• Ama a pátria e o seu Rei;
• Ligado à lei de D. Sebastião;
• Austero;
• Crente (quando pensa que Madalena o amo);
• Exemplo de paradoxo.

Acto III

Na cena I do 3º acto vamos conhecer uma mudança de Manuel de Sousa, já que este nos apareceu como uma homem racional e decidido, vem agora apresentar-se como um homem emotivo e atormentado em relação ao destino de Maria. Este chega a afirmar que prefere vê-la morta pela doença que a consome do que de vergonha pela situação ilegítima em que agora se encontra. Frei Jorge informa Manuel de Sousa de que este e Madalena tomarão o hábito ainda naquele dia. Também e dito a Frei Jorge de que ele e o Arcebispo são os únicos que sabem a verdadeira identidade do romeiro.

Na cena II e III, Telmo vai trazer notícias de Maria dizendo que esta está melhor, mas muito abatida e muito fraca.

Na cena IV, Telmo esta completamente mudado porque ele tem um grande conflito, pelo que está indeciso de que lado há-de ficar, se do lado do "filho" D. João de Portugal ou da sua "filha" Maria? Este oferece a sua vida a Deus já que está dividido entre a fidelidade ao passado e o amor ao presente.

Na cena V, Telmo vai conhecer na voz do romeiro a voz de D. João. D. João diz a Telmo para não acreditar, já que tudo não passa de um embuste criado pelos inimigos de Manuel de Sousa.

Na cena VI, a ultima "ilusão" de D. João que, ouvindo Madalena chamar fora pelo marido, pensou que aquela se dirigia a si.

Na cena VII e VIII, Telmo transmite a Frei Jorge o recado que o romeiro lhe tinha dado na cena anterior, porém, Frei Jorge não consente em tal; Madalena tenta evitar o inevitável dando conta, aos dois irmãos das suas dúvidas em relação a veracidade daquilo que o romeiro disse; Frei Jorge e Manuel, sabendo que romeiro e o D. João, não permitem qualquer recuo; Madalena acaba por seguir a decisão que Manuel tomou pelos dois.

Na cena IX e X, vai-se dar inicio à cerimónia da tomada de hábito.

Na cena XI, Maria interrompe a cerimónia, dando origem a cena mais melodramática da peça, alienada pela febre, em delírio, exprime-se de forma violenta, mostrando uma grande revolta contra o mundo e contra Deus, contra a sociedade hipócrita que não permite a dissolução do casamento, transformando assim em filhos ilegítimos aqueles que são apenas vítimas de actos que são alheios.

Na cena XII, a voz do romeiro, que Maria ouve pedindo a Telmo que os salve pois ainda está a tempo, só que este desfere um golpe fatal e Maria morre. Ainda nesta cena acontece o desenlace. No desenlace Maria morre de vergonha, Madalena e Manuel de Sousa recebem o escapulário - ele será agora, Frei Luís de Sousa e ela Soror Madalena. Morrem para o mundo.

Acto II

Detalhadamente, o acto 2 é composto por 15 cenas, nesta apresentação iremos debruçar-nos sobre cada uma das cenas.

Assim sendo, na cena I o principal assunto é a conversa de Maria com Telmo, a conversa centra-se no interesse de Maria pelos 3 retratos que se encontram na sala, e "sabendo" já que um deles é D. João, primeiro marido de sua mãe, pretendendo que Telmo o confirme. Quanto a Madalena encontra-se doente a 8 dias, já Manuel de Sousa está escondido. Os sinais indiciam o desenlace na primeira cena é a citação de Maria dos primeiros versos da novela trágica "Menina e Moça" também a causa de doença de Madalena, já o retrato de Manuel Coutinho, que ordem no incêndio, parece substituído pelo retrato de D. João, iluminado por uma tocha quando entrou no seu palácio, sendo um "prognóstico" falar de uma pedra, maior que esta perto.

Relativamente à cena II e à cena III o assunto é o mesmo, sendo que Manuel de Sousa, de visita a casa revela a Maria a identidade da personagem representada no quadro tece grandes elogios a D. João de Portugal. Por em, nos sinais que indiciam o desenlace, nestas duas cenas são diferentes.

Assim, na cena II Maria contínua febril é "sabe tudo".

Na cena III Manuel Coutinho diz a Maria que aquela casa é quase um convento e que para frades de S. Domingos lhes falta apenas o hábito.

Em análise à cena IV o assunto tratado é o de Frei Jorge que anuncia a Manuel de Sousa a decisão dos governadores esquecerem a sua atitude, este (Manuel) pretende deslocar-se a Lisboa e Maria pede-lhe para o acompanhar, a fim de conhecer Seror Joana, nos sinais destaca-se a Seror Joana (D. Joana de Castro e Mendonça) fora casada com o conde de Vimioso, D. Luís de Portugal. A certa altura de vida decidem ambos professar.

Nas cenas V/VI e VII o assunto é agregado sendo que Madalena estar já curada do seu mal (o terror de perder Manuel de Sousa) mas continua a mostrar-se menos preocupada com a viagem que o marido vai fazer a Lisboa, receosa por ter de ficar sozinha. Os sinais que indiciam o desenlace, na cena V é quando Madalena toma consciência de que estava numa sexta-feira ("este dia de hoje é o pior"...), a cena VI destaca-se por não apresentar sinais que indiciam o desenlace. Já a cena VII Madalena despede-se do marido e da filha como se fosse para sempre, dizendo "vão, vão... a deus!". Madalena despede-se de D. Manuel de Sousa, no assunto da 8ºcena, abraçando-o repetidamente como se ele fosse embarcar "num galeão para a Índia". Jorge, refere-se a Soror Joana dizendo que a perfeição verdadeira é a do evangelho:"deixa tudo e segue-me". Os sinais que indiciam o desenlace nesta cena, é a (acção) de Madalena que não consegue entender a atitude dos condes de Vimioso que se "enterraram vivos"depois de tantos anos de amor.

Na cena IX o assunto principal é o sentimento de Frei Jorge relativamente a uma desgraça que se avizinha.

Na seguinte cena X, Madalena amou Manuel de Sousa desde o primeiro infante que ouviu, mesmo sendo casada com D. João; "pecou"; fez anos que Madalena casou com D. João, que D. Sebastião desaparecera na batalha de Alcácer Quibir, que se apaixonara por Manuel de Sousa Coutinho.

Cena XI/XII e XIII, Miranda anuncia a chegada de um romeiro vindo da terra santa, que deseja falar a Madalena dando-lhe apenas a ela o recado. Quando Frei Jorge pergunta ao Romeiro se a fidalga com quem deseja falar é Madalena, este responde com uma grande convicção que a reconheceu.

Cena XIV, o romeiro vai-se dando a conhecer gradualmente, Madalena fica aterroriza ao tomar conhecimento que D. João de Portugal está vivo. É nesta cena que Maria descobre que é filha ilegítima de Manuel de Sousa e Madalena.

Cena XV é assim que se descobre que o romeiro é o D. João de Portugal.

Nesta cena concluímos que D. João de Portugal está vivo.

Acto I

Nesta síntese vamos fazer um breve resumo do primeiro acto (constituído por 12 cenas).

No que diz respeito à cena 1 e 2, podemos encontrar informações sobre o passado das personagens e a respectiva caracterização. É também nestas cenas que Madalena compara o seu estado de espírito com o de Inês de Castro, da obra "Os Lusíadas", o que indica que ela se sente predestinada à morte. Telmo anuncia desgraças próximas e alimenta a presença do passado que Madalena queria enterrar.

Na cena 3, Maria questiona Telmo sobre o romance que este lhe tinha prometido com D. Sebastião, Maria acredita que se o rei D. Sebastião não morreu, D. João de Portugal poderá ainda estar vivo; Maria sofre de tuberculose, uma peste que naquele período afectava Lisboa.

Seguindo-se a cena 4, Maria não percebe a insegurança dos pais em relação ao regresso de D. Sebastião, sendo Maria dotada de uma grande imaginação (tem a doença que a faz sonhar).

Na cena 5 Frei Jorge anuncia que a intenção dos governadores era instalarem-se na casa de Manuel de Sousa Coutinho, com o intuito de fugirem à peste que circulava em Lisboa, é anunciada a chegada de Manuel de Sousa Coutinho pela boca de Miranda.

Na cena 7, Manuel de Sousa decide que têm de se mudar para o palácio que fora de D. Sebastião, contando de seguida à família. Com esta notícia Madalena fica aterrorizada.

Na cena 8, Madalena diz não querer voltar à casa de D. João de Portugal. Para ela esta é uma questão de vida ou morte, mas Manuel de Sousa não compreende, seguindo um conflito.
Para Madalena a mudança para o palácio era não só um regresso ao passado, mas também um regresso do passado.

Nas cenas 9 e 10, a chegada da comitiva dos governadores a Almada é anunciada por Telmo. Manuel de Sousa certifica-se que está tudo pronto para se mudarem para a "nova" casa.

Na cena 11, Manuel de Sousa incentiva a sua própria casa, e fala, da morte do pai e do que poderia a vir acontecer-lhe, a ele, na sequência da sua atitude.

Na última cena deflagra o incêndio no palácio de Manuel de Sousa, em que o retrato do mesmo arde por completo.

Caracteristicas Românticas

O romantismo em Portugal teve como pilar principal a publicação do poema "Camões" da autoria de Almeida Garrett. Foi no ano de 1825 enquanto exilado em Inglaterra por provocar conflitos devido á Revolução Francesa e pelos princípios liberais que Garrett defendia.
Este movimento estético teve maior influência após 1836, quando o combate entra liberais e absolutistas vai acabando.